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O futebol vem sofrendo mudanças em nível de competição no que diz respeito ao número de jogos e torneios, impondo ao atleta um incremento da carga competitiva e do seu desempenho físico (MAOST, 2009; ZOPPI et al, 2003).
As lesões são uns dos principais problemas que atingem atletas e equipes esportivas. Em geral, as lesões comprometem ossos, ligamentos e unidades musculo-tendinosas. A maior parte das lesões crônicas compromete as unidades musculo-tendinosas; embora essas lesões possam ser problemas crônicos, na verdade são lesões subclínicas agudas repetitivas (GARRICK, 2001).
No futebol atual, podemos claramente verificar o índice de lesões que tendem a aumentar, uma vez que o calendário brasileiro não favorece a devida recuperação dos atletas; não se preocupa com a fisiologia, ou seja a saúde de maneira global (física, mental e bioquímica).
Desta maneira se faz necessário o entendimento das causas das lesões, mas antes de tratá-las o mais indicado é tentar preveni-las. As novas tecnologias estão cada vez mais avançadas e prontas para serem aplicadas, a fim de se evitar que um atleta chegue ao nível das lesões indesejadas ao longo da temporada.
A perda de um ou mais atletas do plantel prejudica a equipe, afetando toda estrutura de planejamento e dependendo do jogador lesionado, torna-se uma peça difícil de ser reposta; comprometendo o sistema tático de jogo, estrutura, entre outros.
Existem várias maneiras de detectar o cansaço ou fadiga muscular de um atleta, desde marcadores bioquímicos até exames de ressonância; porém um equipamento moderno vem ganhando cada vez mais adeptos no meio esportivo, principalmente no futebol, que é o exame através da termografia. Este instrumento ou aparelho é um dos métodos mais modernos de diagnóstico por imagem digital da atualidade; é capaz de detectar inúmeras doenças, além de ser um procedimento totalmente não invasivo, sem nenhum contato físico, auxiliando na prevenção, diagnóstico e auxílio de um tratamento mais eficaz.
O que é termografia?
A termografia é um método não invasivo utilizado para registrar gradientes e padrões térmicos corporais (KITCHEM, 1998; TAN, 2009) sendo utilizada para medir a radiação térmica (calor) emitida pelo corpo ou partes deste, podendo, portanto, ser utilizada para diagnóstico de lesões causadas pelo treinamento. É considerada uma alternativa muito interessante em relação aos métodos convencionais, que implicam um bombardeamento do indivíduo por ultra-som, raios-X, ou outros tipos de onda eletromagnética.
Na termografia não existe emissão de nenhum tipo de radiação. Ao contrário, o sistema captura o calor (infravermelho) emitido pelo indivíduo. Portanto, não existe contra-indicação de nenhuma espécie a esse tipo de exame.
Sabendo que essas lesões desencadeiam processos inflamatórios e admitindo que a inflamação gera calor (MACHADO, 2009) em decorrência do aumento do metabolismo local, então, o nível inflamatório pode ser avaliado por meio de gradientes de temperatura; as imagens termográficas mostram precocemente o início de um processo inflamatório, que ainda não apresentou sinais e sintomas clássicos (dor, edema e parestesia), atuando, assim, de forma preventiva (BRIOSCHI et al, 2007).
A técnica de sensoriamento possibilita a medição de temperaturas e a formação de imagens térmicas (chamadas termogramas) do corpo do atleta a partir da radiação infravermelha, naturalmente emitida pelo paciente, permitindo uma atuação mais precisa do ponto da lesão, seja ela no estágio inicial ou evolutivo, consegue-se detectar os locais críticos que devem ser tratados.
Quando há algum processo inflamatório a região atingida geralmente fica mais quente e através do aparelho é possível acompanhar a evolução desse quadro inflamatório, as regiões de maior tensão muscular, locais de maior dor e as regiões das lesões traumato-ortopédicas e desportivas.
É importante ressaltar que muitas vezes a lesão já se encontra no corpo do atleta, mas naquele momento é imperceptível, o que só mudará quando o atleta aumentar a carga, agravando o problema. Com a termografia é possível prevenir esse quadro. A utilização da termografia como diagnóstico de lesões musculares após treinamento justifica-se pela facilidade do processo e por ser uma técnica não invasiva. Caso a hipótese esteja correta, será possível localizar com facilidade os pontos de inflamação muscular decorrentes do treinamento intenso.
O exame termográfico inicia-se com uma máquina capaz de fotografar as leituras de calor dos objetos (figura 1). São tiradas duas fotos dos grupos musculares inferiores, uma de frente e outra de costas, e as áreas desejadas são mapeadas. As imagens mostram a diferença de calor nos diferentes grupos musculares. As partes mais avermelhadas, em tom vermelho vivo, são as mais desgastadas. Com os resultados, é possível orientar melhor o atleta, como por exemplo sugerir que não force nos treinos, recomendar alguns dias de descanso, indicar reforço muscular ou mesmo antecipar-se a uma lesão, tratando-a antes que se torne evidente.
Figura 1: Câmera Termográfica comercial (marca Flir Systems®)
Aplicações práticas da termografia nos clubes de Futebol do Brasil
Os clubes da série A do Brasil têm feito o uso constante dos recursos da termografia como análise de seus atletas; os resultados tem agradado a comissão técnica.
O investimento é considerado alto, mas o retorno é garantido, haja vista que o número de lesões em jogadores profissionais no Brasil diminuiu bastante nos últimos anos, fruto da relação positiva da Ciência associada ao treinamento correto e direcionado, e mesmo com as adversidades encontradas, tais como: desestruturação do calendário de competições, estrutura e locais das partidas; as equipes (atletas) têm suportado bem as condições que lhe são impostas.
Vários clubes estão fazendo uso dos recursos da termografia infravermelha como controle da carga de treinamento; entres eles: o atual líder do Brasileirão 2013, o Cruzeiro E.C, o Botafogo F.R, o Sport Club Corinthians, entre outros.
O trabalho desenvolvido, por exemplo no Cruzeiro, no qual os atletas têm à disposição uma das melhores estruturas de trabalho a nível mundial, deve ser seguido pelos outros clubes; soma-se a isso uma equipe técnica de profissionais de primeira linha que estão sempre em busca de novas tecnologias que tem objetivo final garantir com que os atletas estejam nas melhores condições para disputa das partidas; a Figura 2 mostra uma análise termográfica com atleta num teste em esteira.
Figura 2: Atleta executando a corrida em esteira. Imagem obtida pela câmera termográfica.
Conclusão
Os resultados encontrados na literatura sobre o tema sugerem a possibilidade da utilização da termografia para, em conjunto com a creatina-quinase, determinar a intensidade e a localização de lesões musculares pós-treino, uma vez que o citado marcador bioquímico não consegue determinar a localização anatômica da lesão muscular. pode-se dizer que a termografia tem um bom potencial para apoiar o diagnóstico de lesões musculares em atletas de diversas modalidades. Sua operacionalização exige um ambiente com temperatura controlada e a aquisição de equipamento semelhante ao que foi utilizado neste estudo.
A importância de controlar o tecido adiposo subcutâneo da área avaliada, pois a mesma interfere nos valores absolutos de temperatura, podendo influenciar de maneira significativa os resultados de estudos com sujeitos com perfil lipídico heterogêneo.
O custo médio desse equipamento está em torno de R$ 50.000,00. A aquisição é feita por Instituições interessadas e em parceria Por fim, sugere-se a realização de novos estudos, com atletas de futebol e de outras modalidades, utilizando, além da creatina-quinase, métodos de diagnóstico por imagem.
Referências
MAOST, L. Efeitos da crioterapia na recuperação das alterações na performance física e de indicadores lesão muscular induzida por um único jogo de futebol. 2009. Dissertação (Mestrado em Ciências do Desporto) Faculdade de Desporto, Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2009.
ZOPPI, C. C; ANTUNES NETO J; CATANHO, F.O; GOULART, L.F; MOURA, N. M; MACEDO, D. V. Alterações em biomarcadores de estresse oxidativo, defesa antioxidante e lesão muscular em jogadores de futebol durante uma temporada competitiva. Revista Paulista de Educação Física. 2003;17:119-30.
MACHADO, M; ANTUNES, W.D; TANY A.L.M; AZEVEDO, P.G; BARRETO, J.G; HACKNEY, A.C. Effect of a single dose of caffeine supplementation and intermittent-interval exercise on muscle damage markers in soccer players. JESF 2009;2:91-7.
KITCHEM, S; YOUNG, S. Princípios Eletrofísicos. In: Kitchem S, Bazim S. Eletroterapia de Clayton. São Paulo: Manole. 1998, p.46-58.
TAN J-H, Ng EYK, ACHARYA, U. R, CHEE, C. Infrared thermography on ocular surface temperature: A review. Infrared Phys. Technol. 2009;52:97-108.
BRIOSCHI, M. L; YENG, L. T; PASTOR, E.M. H; TEIXEIRA, M. J. Utilização da imagem infravermelha em reumatologia. Revista Brasileira de Reumatologia. 2007;47:42-51.
GARRICK, J. G; WEBB, D. R. Lesões Esportivas: diagnóstico e administração. Rocca, SP, 2001.
Autor: Marcelo Guimarães Silva (Doutorando do curso de Engenharia Mecânica/Biociências da UNESP Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Laboratório de Biomecânica – Campus de Guaratinguetá)
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Site educativo do Dr. Marcos Brioschi, médico, medicina diagnóstica. Termografia para diagnóstico da dor, risco de lesão esportiva, atividade metabólica, risco cardiovascular, avaliação metabólica da mama
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